CPI do Sertanejo: entenda as reviravoltas do caso
Embora o nome “CPI” (Comissão Parlamentar de Inquérito) esteja em alta, ainda não existe nenhuma ‘CPI do Sertanejo’ por enquanto. Mas é assim que a investigação sobre o suposto superfaturamento dos shows de cantores como Gusttavo Lima tem sido chamada nas redes sociais.
Assunto mais comentado nas últimas semanas, a ‘CPI do Sertanejo’ é alvo do Ministério Público, que tem investigado o envolvimento de cantores, especialmente sertanejos, no desvio de verbas públicas para pagar cachês milionários referentes a apresentações realizadas pelos artistas.
O Ministério Público de Mato Grosso determinou na última semana a apuração de shows realizados por cantores sertanejos e de outros gêneros, contratados por prefeituras de 24 municípios com uso de recursos públicos.
A investigação é resultado de um levantamento realizado pela imprensa local com apresentações de artistas nos cinco primeiros meses deste ano. No período, os prefeitos pagaram mais de R$ 5,7 milhões aos artistas
“Se de fato acontecer essa CPI e os cachês irregulares forem descobertos, ou seja, a CPI realmente comprovando essa problemática com qualquer coisa que envolvam os cantores, os artistas podem responder criminalmente e serão obrigados a devolver os valores que receberam irregularmente”, comenta Dr Ilmar Muniz, fundador do escritório de advocacia Cavalcante Muniz Advogados.
Quem fala o que quer…
O ponto inicial da investigação foi quando Zé Neto, da dupla com Cristiano, criticou a Lei Rouanet e ironizou uma tatuagem íntima de Anitta durante show realizado em Sorriso (MT), depois prosseguiu com as críticas nas redes sociais.
“Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet, nosso cachê quem paga é o povo”, disse o cantor. “A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente tá bem ou não”, completou, citando a tatuagem de Anitta.
O show foi feito com verba pública e o cantor recebeu 400 mil em dinheiro para subir ao palco da feira agropecuária. O evento contou também com apresentação do DJ Alok.
Nas redes sociais o assunto ficou em alta e viralizou a #CPIdoSertanejo. A partir do levantamento realizado pela imprensa de Mato Grosso nesta semana, o MP pediu a apuração das contratações.
Outros desvios com verba pública
Outra prefeitura alvo de investigação é a de Figueirópolis D’Oeste, distante 319 quilômetros de Cuiabá, com pouco mais de 3 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na celebração do 51º aniversário da cidade, no mês passado, o município gastou R$ 620 mil em dinheiro público, cerca de R$ 200 por habitante. Haeme & Thiago e Jads & Jadson foram algumas das apresentações. As duplas receberam R$ 182 mil e R$ 193 mil, respectivamente. As contratações foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE).
No último domingo (05), a cantora Anitta comentou sobre o assunto. A cantora se manifestou nas redes sociais para explicar a declaração dada ao programa Fantástico, da TV Globo, onde alegou ter recusado propostas para shows superfaturados com uso de dinheiro público.
A cantora também pediu uma trégua na polêmica com os artistas sertanejos e disse ser contra a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os eventos contratados pelas prefeituras.
“Eu não quero criar polêmica com esse assunto. Eu não tenho nada contra o sertanejo. Não acho que tem que ser criada CPI contra sertanejo. Acho que tem que ser criada mais investigações contra corrupção em geral no nosso país”, frisou.
Bode expiatório
Embora muitos cantores sejam investigados, o principal alvo das críticas nas redes é o cantor Gusttavo Lima. o show dele aconteceria no último domingo (5) e teria um cachê de R$ 704 mil pago pela prefeitura de Teolândia, na Bahia, mas foi suspenso pelo presidente do STJ.
Gusttavo Lima, que tornou-se o “bode expiatório” do caso, foi o segundo artista mais ouvido da plataforma Spotify no ano passado (2021). Lima negou qualquer irregularidade. Segundo sua assessoria de imprensa, Gusttavo afirmou que “não pactua com irregularidades”.
Graças ao cantor, a ‘CPI do Sertanejo’ acabou saindo do Mato Grosso e o assunto se tornou mote de investigação de diversos eventos em todo o país. Já são 29 cidades de 6 estados diferentes sendo investigadas.
Os estados investigados são: Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Bahia, Roraima e Rio Grande do Norte. A soma de alguns cachês dos cantores supera a marca de R$ 6 milhões.
Recentemente, Gusttavo Lima teve seu show confirmado na quarta feira (08), com um cachê de R$ 1 milhão, em Magé, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. O cantor é a atração principal da festa de aniversário da cidade, com cachê 450% superior do valor recebido por Belo e Falcão, que também estarão no evento.
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