Empresas devem agir para evitar casos de Burnout
Especialista em compliance orienta sobre boas práticas para criar um ambiente de trabalho mais saudável
As mudanças bruscas nas relações de trabalho causadas pela pandemia potencializaram o aumento de casos de Síndrome de Burnout e têm exigido das empresas uma atenção redobrada à saúde mental de seus trabalhadores. Um estudo da International Stress Management Association (Isma-BR) feito durante a pandemia estimou que 44% da população brasileira economicamente ativa sofra de sintomas da síndrome do esgotamento profissional, algo em torno de 39,6 milhões de trabalhadores. O número coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking dos oito países que participaram da pesquisa.
Diante desse cenário, o advogado especialista em compliance e sócio-fundador da Shield Compliance, André Costa, ressalta que as empresas devem adotar uma série de cuidados para garantir a saúde física e mental de seus colaboradores. “As empresas precisam investir em programas de conscientização e prevenção que ajudem a garantir um ambiente de trabalho mais seguro, leve e saudável”.
A preocupação com a escalada de casos levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificar a Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional e incluí-la na Classificação Internacional de Doenças (CID) desde o dia 1º de janeiro de 2022. “Essa mudança reforça a importância de se discutir o tema dentro das corporações e de desenvolver estratégias de prevenção. Mas as ações indenizatórias exigem prova de conduta danosa da empresa”, ressalta o advogado.
Costa explica que, caso fique comprovado que o dano à saúde mental e emocional foi causado pela atividade laboral, o funcionário passa a ter direito ao afastamento por licença médica e estabilidade. “Quando falamos em doença ocupacional, o trabalhador goza de alguns direitos, como auxílio-doença acidentário e estabilidade de 12 meses a partir do momento que cessa essa doença e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) o libera para retornar as atividades”, conta.
Prevenção Para evitar o adoecimento dos funcionários, o especialista em compliance orienta as organizações a investirem em programas de incentivo à saúde e na cultura organizacional. “A empresa precisa criar um canal de denúncia; fazer treinamentos; estar atenta com a cobrança de metas e comportamentos da alta gestão; e saber tratar de maneira eficiente os casos de assédio e condutas indevidas”, enumera Costa.
O advogado, que atua há mais de 10 anos auxiliando empresas em treinamentos, estruturação de programas de integridade e investigações de condutas inadequadas, ressalta que o trabalho de prevenção deve ser feito por uma equipe especializada. “Investir em uma consultoria séria, com profissionais capacitados para realizar pesquisas de clima e apurar excessos é fundamental para tratar e saber identificar um comportamento indevido. Se a pessoa tiver um burnout e ficar comprovado que ele se deu por qualquer abuso por parte do empregador, o caso pode gerar indenizações pesadas que impactam a imagem e o financeiro da organização”, pontua.
Escrito por: André Costa é advogado especialista em compliance