O capital de giro na advocacia e a importância para saúde financeira do escritório
Na advocacia, a imprevisibilidade da entrada de capital pode gerar problemas de ordem estrutural impactando a manutenção do escritório. Diante disso, os advogados que decidem empreender enfrentam um enorme desafio: como manter as contas no positivo, já que esses profissionais podem demorar anos para receber os honorários dos serviços prestados aos seus clientes? E quando se trata da gestão do escritório, um dos grandes problemas enfrentados muitas vezes é a falta de conhecimento para exercer o controle financeiro. Esse é um ponto tão delicado que pode levar os advogados a terem prejuízos e acabar “pagando para trabalhar”.
Por esses motivos, a gestão financeira e a manutenção do capital de giro são fundamentais para que o advogado consiga manter o seu negócio em pleno funcionamento e até mesmo expandi-lo. Mas o que é o capital de giro do escritório? Nada mais é do que o montante necessário à cobertura das necessidades básicas de funcionamento da empresa, como o pagamento dos colaboradores, contas de energia, água, telefone, aluguel. Ou seja, é a soma de todos os valores de que a organização precisa para manter a si mesma por um determinado período. De forma geral, a recomendação é que a empresa tenha um capital de giro capaz de suprir a falta de entradas financeiras por, no mínimo, seis meses.
Esse capital está relacionado a elementos como o ciclo financeiro de uma organização. Em outras palavras, ele diz respeito ao período e ao caminho que o dinheiro percorre desde o momento em que é aplicado na empresa até o momento em que se converte em lucro. Quando o empreendedor negligencia o capital de giro, ele tende a organizar sua gestão financeira e administrativa de maneira reativa, concentrando-se nas necessidades imediatas à medida que surgem. Quando se trata do trabalho do advogado, que lida diariamente com a imprevisibilidade de seus ganhos, o planejamento desse capital é ainda mais necessário.
Para que o controle financeiro do escritório seja feito de forma mais assertiva, o advogado precisa seguir quatro passos fundamentais: diferenciar as contas de Pessoa Física e as de Pessoa Jurídica; categorizar os recebimentos e as saídas para poder fazer uma análise mais ampla do cenário; planejar os recebimentos e o destino que esse dinheiro terá; e por fim acompanhar seu fluxo de caixa de forma periódica: semanalmente e mensalmente, para melhor acompanhar o previsto e o que de fato ocorreu, de forma a ir ajustando os planos para os próximos meses e, até mesmo, anos, dependendo de quão longo forem os prazos de recebimento dos seus processos.
Vale lembrar que quando o escritório já está com o caixa no negativo, será necessário recorrer a algum tipo de crédito para pagar as contas e retomar o planejamento. Nesse caso, para evitar altas taxas de juros dos empréstimos, é possível recorrer à antecipação de honorários advocatícios e usar os valores que o advogado já tem direito a receber pelos serviços prestados para quitar suas contas e deixar o escritório no positivo.
Controlar e fazer o acompanhamento do Capital de Giro de seu escritório é essencial para manter o fluxo de caixa saudável e garantir que o negócio continue funcionando de forma sustentável, sem surpresas desagradáveis e, além disso, possibilitar que o negócio cresça, já que crescimento quase sempre demandará investimentos. A gestão financeira é muito mais necessária e estratégica para um negócio do que os empreendedores imaginam. Por isso, o advogado que lida diariamente com a imprevisibilidade financeira, precisa saber estruturar e priorizar esses controles dentro do seu escritório.
Gabriel Mancuso
Fundador e CEO da JusCash